segunda-feira, 5 de janeiro de 2009
Metamorfóseos / 01
Roxane sabia que faltava pouco mais de uma hora para sair de seu serviço. Saía do barco de pesca de seu pai às quatro horas e ia ver sua mãe antes de ir à escola, de onde partia após a aula para a fazenda de ostras de Geraldo Muniz, de onde terminava o expediente às dezenove horas incluindo o fim de semana. Tinha apenas quatorze anos, mas sendo pobre e sua mãe estando doente precisava do pouco dinheiro que lhe era oferecido pelo trabalho. Os remédios tão caros.
A pele de sua mão estava constantemente cortada por anzóis e conchas. Aquela noite não era diferente, não para ela.
O navio de pesquisas marinhas havia chegado a baía há apenas dois dias e retirava-se, grande demais e com problemas mecânicos, sem poder mudar seu rumo, chocou-se contra as pedras do fundo. Sem pânico afundou suavemente enquanto os tripulantes abandonando a embarcação dirigiam-se à praia.
Com todas as pescas canceladas pelo período de uma semana Roxane e sei pai não trabalharam. Constatado não haver grave contaminação das águas as atividades pesqueiras foram liberadas, sendo permitido também o retorno do serviço na fazenda de ostras por não haver grande contaminação.