17h47min QUINTA 22 de Agosto.
Tiago abriu a porta e encontrou Aline diante dela.
- Frangos correm sem cabeça. – Aline.
- Por que me diz isso? – Tiago.
- Carlos vai arrancar a sua.
- Olha garota, você não tem nada a ver com isso. Então não se meta na minha vida e eu te deixo em paz.
- Capaz não sou de te deixar em paz. O que você faz...
- Não ouse terminar Aline. – Rosa.
- Está tarde Bernardo, é hora de dormir. – Ottus.
- Ele tem razão querido. Preciso dormir cedo se quiser que eu venha te ver cedo. – Roxane.
- Fique mais um pouco e conte outra história. – Bernardo.
- Está bem. Pode ir Ottus, irei me deitar em alguns minutos.
Ao perceber que Bernardo dormia Roxane parou de ler em voz alta e terminou o livro apenas para si. Acabou adormecendo na cadeira debruçada na cama de Bernardo.
Valério esperava encontrá-los despertos ao entrar no quarto e surpreso cobriu Roxane com um lençol e saiu. Após dar boa noite a Raíssa partiu para o próprio quarto.
21h57min QUINTA 22 de Agosto.
Com a mão dolorida Aline não conseguia dormir. Sentindo calor foi abrir a janela quando viu um desconhecido no pátio. O homem falava sozinho antes de uma pequena sacola surgir em suas mãos. Depois ele partiu pulando a grade.
Ela desceu as escadas a tempo de ver Tiago entrar. Ele pareceu surpreso ao tentar disfarças.
- Boa noite. – Tiago.
- A minha está sendo ótima, apenas... – Aline.
- Sem brincadeiras Aline. Você não sabe brincar.
- Quem brinca com a noite é pra levar susto da lua.
- Lua não assusta. O luar que acalma.
- É o que você acha.
- Boa noite.
Tiago se trancou em seu quarto, porém sem conseguir adormecer passou a noite folheando revistas. Aline sentiu sede e ao voltar da cozinha escutou ruídos na sala comunicativa. Angelus descansava em um sono agitado do qual parecia não conseguir despertar.
- Angelo... Angelo acorde. – Aline.
Não foi preciso que Aline a sacudisse. Ao sentir a mão dela em seu braço Angelus despertou construindo tridentes curvos ao atacá-la. As lâminas causaram três cortes no braço de Aline. Ela permaneceu imóvel olhando os tridentes que se derretiam nas mãos de Angelo ao se levantar.
- Aline. – Angelo.
Ele a sentiu escorregar e suas mãos se sujaram de sangue. Aline observou a ferida.
- Alguém! Ajudem-me! Socorro! – Angelo.
Sandra, Elisa e Vitor desceram as escadas e ajudaram a segurar Aline. Sandra examinou o braço dela. Joan retirou a camisa para estancar o sangue.
- Voltem aos seus quartos. – Vitor.
Os gêmeos começaram a subir.
23h00min QUINTA 22 de Agosto.
Aline foi colocada em estado grave na mesa cirúrgica. Havia perdido muito sangue. Bin-Bin e Io-lan se debruçavam sobre ela tentando conter o sangramento. Rosa foi acordada, mas não tiveram noticias durante uma hora.
- Angelo. – Rosa.
- Como soube onde eu estava? – Angelo.
- Desde a nossa juventude que você sobe em telhados.
- Próximo das nuvens.
- O que aconteceu?
- Eu não sei. Aline me despertou de um sono atordoado.
- Com o que sonhava.
- Fogo. Deserto e fogo.
- Entendo.
- Não desejo falar sobre isto agora. Irei para a catedral.
- Está bem. Eu o espero quando quiser conversar.
- Eu poderia tê-la matado Rosa. Ou Aline está condenada?
- Não pense nisso agora. Aline está bem e eu sei que não desejava ferir ninguém.
- Há diferença entre querer e fazer Rosa.
- Sim, claro.
Angelus levantou vôo diante da baixa lua crescente.
Depois de costurados os pontos em Aline sem o efeito da anestesia ela foi colocada no soro para repousar ao lado de Carlos.