19h40min TERÇA 20 de Agosto.
Carlos os ajudou a terminar o jantar e pediu que fosse buscar a sua mala. Partiriam aquela noite. O irmão subiu vendo um cachorro deitado diante da porta de Roxane.
- O que está fazendo? – Ottus.
- Esperando Roxane sair. Queria contar uma estória pra ela como ela me conta. – Bernardo.
- Ela está descansando.
- Ela parece doente, eu não escuto nada.
- Porque está tarde e ela dorme. Agora desça para o jantar.
Carlos aguardava no corredor da entrada para que com Tiago fosse jantar. Rosa avisou que os novos alunos estavam matriculados e após os dois terminarem se eles despediram e saíram.
- Vai ficar quanto tempo na casa da tia Ana? – Tiago.
- Uma semana, talvez. Depende de como ela vai reagir depois que souber de você. – Carlos.
- Ela vai gritar.
- Não tem problema. Você pode voltar pra cá.
A noite estava escura e estavam cercados de árvores. Carlos colocou a mão no estômago, sentindo-o revirar, mas continuou a caminhar sob os galhos. Andou mais devagar quando sentiu dor.
- Você está bem? – Tiago.
- Sim. Volte para o casarão. – Carlos.
- Eu te ajudo a voltar.
- Não pode me ajudar. Volte e traga ajuda.
- Não vou te deixar sozinho.
Tiago passou o braço de Carlos pelos ombros e sentiu-o pesar.
- eu não posso andar Tiago. Agora faz o que digo e volte ao casarão. – Carlos.
- Vou te colocar apoiado naquela árvore. Quando melhorar a gente volta.
Carlos gritou. Agora era o seu peito o que mais doía. Respirava descompassado e devagar com os olhos fechados.
- Qual o problema contigo Carlos? – Tiago.
- Volta para o casarão Tiago, volta. Antes que seja tarde. – Carlos.
- Eu vou buscar ajuda.
Tiago ficou de pé deixando Carlos recostado à árvore. O nariz de seu irmão começava a sangrar.
- Não demoro. – Tiago.
- Tiago! – Eduardo.
Tiago virou-se para o portão a metros e viu um homem que se aproximava lentamente.
- Quem é você? – Tiago.
- Aproxime-se, não tenha medo. Não vou te machucar. – Eduardo.
- Pode ajudar o meu irmão?
- Teu irmão? Não posso ajudá-lo.
- Quem é você?
Quando o homem deus dois passos adiante Carlos caiu para a esquerda, sangrando pelo canto direito da boca.
- Preciso ajudar meu irmão. – Tiago.
- Se sair daqui ele morre. Preciso falar contigo. – Eduardo.
- Quem é você?
- Sou Eduardo, o teu pai.
