19h21min DOMINGO 18 de Agosto.
Aline subiu as escadas e uma vez no quarto ligou o walkman. Jogou as malas pela janela e dançando subiu no peitoril e saltou. Dois andares não a inibiriam de tentar retornar a sua liberdade. Assustou-se ao parar pega pelo pé.
- O que está fazendo? – Angelus.
Preso à parede com um tridente curvo semelhante a cristal ele usava a outra mão para segura-la.
- O que você pensa fazer? Largue-me seu idiota! – Aline.
- Parece ser uma das novas estudantes. – Angelus.
- Que estudante?
- então é uma espiã.
- Olha, eu não sou ninguém. Agora dá pra me soltar?
- Vamos conversar com madame Rosa.
- Droga! Agora pode soltar o meu tornozelo?
- Não.
Angelus levou-a para a sala de jantar pendurada de ponta cabeça. Contrariada enquanto os estudantes a olhavam Aline cruzou os braços.
- Angelo! – Rosa.
- Conhece? – Angelo.
- É uma das novas estudantes!
- Escapava pela janela.
- Pode solta-la.
Angelo a soltou e Aline alisou o tornozelo dolorido.
- Ela ia morrer saltando do segundo andar. A menos que controle o ar. – Angelo.
- Ia visitar um amigo na África. Mas eu lhe agradeço ter varrido o chão com o meu cabelo. – Aline.
Ela se levantou encarando Angelo.
- Acabaria se matando. – Angelo.
- Melhor que ficar aqui. – Aline.
- Esta é Aline Makita. Não é uma metamorfósea comum, tem a palavra nos lábios. – Vitor.
- Ela tem alguns problemas pendentes com a sociedade. – Bin-Bin.
- Não tenho problemas. – Aline.
- Posso ver. Mas eu não tenho tempo de discutir com crianças. – Angelo.
- Vamos ao meu escritório, por favor. – Rosa.
Aline a seguiu com Bin-Bin e Vitor até o gabinete onde Rosa se sentou em sua cadeira.
- Não quer mesmo ficar aqui? – Bin-Bin.
- Não! – Aline.
- Devia ao menos tentar. – Vitor.
- Esta é a sua decisão? – Rosa.
- Claro. – Aline.
- Fique por quatro semanas, se não gostar pode partir.
- Fala sério.
- Eu falo, garanto. A polícia será o menos de seus problemas quando sair.
- Isso é sério?
- Você escolhe.
- Ótimo.
Aline saiu do escritório feliz. Poderia dormir bem e comer melhor, mas depois partiria sem dizer adeus. Uma vez no quarto transformou o walkman em rádio, fechou as cortinas e a lâmpada era um globo colorido. Após um banho frio se deitou de camisa e o quarto voltou ao normal à medida que adormecia.