23h38min QUINTA 15 de Agosto.
Roxane despertou em meio da noite, mas não era sua mão que incomodava, embora doesse um pouco. Desceu o primeiro lance de escadas conhecendo o casarão e atravessou o corredor descendo novamente para o primeiro andar. Tinha muita sede e um pouco de fome. Retirava o leite da geladeira quando a luz acendeu-se.
- Quem é você? – Ottus.
- Sou Roxane. Você mora aqui? – Roxane.
- Sim. Você passou pelo corredor no andar de cima e não reconheci os seus passos. Tenho um bom ouvido, como o de alguns animais.
- Não tem, não.
- Como pode saber sem me conhecer?
- Conheço os cegos. O seu ouvido não é melhor que o meu você apenas não se distrai com a visão.
- Então você é uma metamorfósea poderosa. Pode sentir a minha atividade?
- Não. Você pode?
- Eu induzo as pessoas que olham para mim quando falo.
- Verdade? Talvez convencesse os médicos de que não sou louca e dissesse ao meu pai que não fosse tão cruel comigo.
- Os pais reagem estranhos quando descobrem o que somos.
- Ele não sabe que sou uma metamorfósea.
- De qualquer modo eu não posso ajudar. A minha atividade sobre cai apenas sobre fêmeas. Qual é a sua atividade?
- Há três dias começaram a sair pérolas e conchas de minha mão. Fui atacada por ostras em uma fazenda.
- Está tarde. Não vai descansar?
- Disseram que preciso descansar, mas vou comer algo antes. Quer um pouco de leite?
[N.A.12]