05h45min QUARTA 21 de Agosto.
Roxane se levantou com o céu ainda escuro e foi para o outro quarto. A porta não estava trancada e entrou. Sentou-se na cama do menino e lhe afagou a cabeça.
- Roxane! – Bernardo.
- Bom dia. – Roxane.
- É cedo. Ainda está escuro.
- Eu sei. Resolvi vir te acordar para a escola hoje.
- Eu gostei. Ontem à noite você não leu pra mim e Ottus me disse que estava cansada.
- Eu não me sentia muito bem.
- Está doente?
- Não, apenas triste.
- O seu pai não foi delicado com você, não é?
- Não Bernardo. Ele fez coisas que eu não gostei.
- O que ele fez?
- Não importa agora.
- Por que o seu rosto está machucado? Ele te bateu, foi?
- Não faça perguntas Bernardo. Levante-se logo que eu o ajudarei a se aprontar para a escola.
- Vai até a escola comigo?
- Eu não poderei Bernardo. Ainda não me sinto bem.
- À noite eu posso vir ler pra você após o jantar?
- Claro que sim. Ficarei muito contente. Agora venha se pentear.
06h30min QUARTA 21 de Agosto.
Após se aprontar Bernardo beijou Roxane e desceu para o café da manhã. Ela não o acompanhou por ainda vestir a roupa que havia dormido. Antes do almoço caminhava entre as árvores.
- Bom dia. – Roxane.
- É uma nova estudante? – Angelo.
- Sim. Você é um professor?
- Professor Angelo Ceotto.
- Será o meu professor aqui?
- Depende de sua atividade.
- Apenas pérolas e madre pérolas que saem de minha mão. Como uma ferida que não se fecha.
- Então sua atividade é enriquecer.
- Daria todo o dinheiro para que o meu pai me gostasse.
- Como pode saber se ele não gosta de ti?
- Eu sei, ele não gosta. Odeia-me agora por ser uma metamorfósea.
- Ou o teu pai sempre a amou ou sempre a odiou.
- Sempre me odiou.
- Ou então não é o teu pai.
- Por que seria?
- Não quero pensar nisso agora. A minha cabeça dói.
Roxane começou a caminhar, mas sentindo-se zonza se sentou sobre a grama.
- Você está bem? – Angelo.
- Estarei em poucos minutos. – Roxane.
- Quer ajuda para entrar?
- Não. Obrigada.
Roxane caminhou olhando o chão para ver se seus pés não tropeçavam. Angelo a observava apoiar-se a mureta da escada principal.