18h00min SEGUNDA 19 de Agosto.
- Boa noite Bin-Bin. Como está o pior paciente do mundo? – Valério.
- Descansando. Creio que amanhã ou depois ele poderá ficar de pé. Entre. – Bin-Bin.
Valério aceitou o convite e encontrou Carlos sem o tubo de oxigênio e soro. Sentou-se em uma cadeira ao lado da cama e esperou que o amigo dissesse a primeira palavra.
- Meu irmão estava no corredor. Por que ele não entrou? – Carlos.
- Eu não sei. – Valério.
- O que aconteceu?
- Tiago sabe que eu o estava testando.
- Você contou?
- Longe de mim Carlos. Imagino que a garota que o percebeu tenha dito a ele. Aline parece gostar de irritar as pessoas.
- Que garota é essa?
Valério se levantou e correu a cortina ao lado da cama de Carlos deixando que visse a menina que ali dormia com uma toalha molhada sobre a testa.
- Aline Makita. Metamorfósea avançada de palavra. – Valério.
- Parece que teremos problemas. – Carlos.
- Posso ajudar.
- E eu vou aceitar. Preciso estar melhor em dois dias, do contrario você pega o meu irmão e o leva pra casa da tia Ana.
- Tiago não virá comigo e tem escolha.
- Pode convencê-lo.
- Não é uma boa idéia, por experiência própria. Aquele garoto não é mais o teu irmão. Ele se chama Tiago.
- O que diz é besteira Valério.
- Não percebe que sempre se refere a ele como “o meu irmão” e não por Tiago?
- Pode levá-lo?
- À casa da tia Ana. Moleza. Vou amarrar o Tiago se for preciso.
- Não será. Leve isto.
- O que é?
- Sedativo. Apenas misture no suco dele que dormirá por doze horas. Não o perca de vista.
- Não Carlos. Se eu levar Tiago ele estará acordado e irá concordar comigo. Ou então ficarei com ele aqui, se você não puder.
- O problema é que eu não vou poder Valério.
- Por que não?
Carlos não respondeu. Aline se agitava com o sonho de Taumbro perseguindo-a pelo prédio. Atacavam-se com palavras que moviam mesas.
- Ela está com febre. – Valério.
- Chame Bin-Bin. – Carlos.