sexta-feira, 5 de junho de 2009

20

- Onde esteve? – Tiago.

- Em alguns lugares. – Carlos.

- Sabe que dia é hoje?

- Não sei quando foi ontem.

Carlos deitou-se de bruços sem tirar os calçados e Tiago levantou-se.

- Seria o aniversário de mamãe se ela não estivesse morta.

Carlos resmungou algo e se aprofundou em seu sono. Tiago se vestiu e saiu encostando a porta. Pensou em subir para a enfermaria e ver Roxane, mas lembrou-se da advertência do irmão e desceu para a sala.

06h30min SEXTA 16 de Agosto.

Os internos acordavam para mais um dia de aula na escola pública. Raíssa deu a volta na mesa e o viu.

- Bom dia Tiago. Está aqui de novo? – Raíssa.

- Tive que vir. Eu estava sumindo na casa da minha tia. – Tiago.

- Ainda não contou a ela?

- Contar como!

- Soube que há uma nova garota aqui. Sabe de alguma coisa?

- Sei. Foi Carlos e eu que a trouxemos. Nem sabíamos que era uma metamorfósea.

- Mesmo? O que aconteceu com ela?

- Não tivemos oportunidade de conversar. Ela sente muita dor pra se concentrar em mais alguma coisa.

- O expresso Elisa está saindo e quem não estiver nele em cinco minutos vai para a escola andando. – Elisa.

- Preciso ir. Foi bom te ver de novo. – Raíssa.

domingo, 31 de maio de 2009

19

- Tem razão. De qualquer modo eu não deveria abrir a geladeira de uma casa que não é minha sem autorização.

- Não se preocupe. Ao que me parece você mora aqui.

- Ainda não pude falar com madame Rosa Morena.

- Quer um suco de laranja? A acidez corroe o cálcio.

- Sim, obrigada.

Ottus preparou na hora dois copos após perceber que Roxane não podia mover o braço normalmente.

- Há quanto tempo está aqui? – Roxane.

- Dois meses. – Ottus.

- Os seus pais sabem que você é um metamorfóseo.

- Devem saber, estão mortos.

- Eu sinto muito. Minha mãe morreu há três dias.

- Geralmente os que vivem aqui não têm pais ou então eles são os piores seres que pisaram na terra.

- Meu pai é assim.

- Então sabe de que falo.

- Quem o trouxe?

- A polícia.

- Você cometeu algum crime?

- Não quero falar sobre isto. De qualquer modo esta bastante tarde e me parece que precisa de repouso.

- Pode me acompanhar à enfermaria, por favor?

- Sim.

- Obrigada. Irá sair outra coisa da minha mão e não quero ficar sozinha quando acontecer. Importar-se-ia em ficar comigo?

- Não.

Ottus entrou com ela no elevador quando percebeu a respiração de Roxane mais forte e um gemido de dor.

- Qual o problema? – Ottus.

- É uma concha, melhor seria que fosse apenas uma pérola. – Roxane.

- Dói muito não é mesmo?

- Como se uma ferida fosse novamente cortada.

- Eu posso usar minha atividade em você, se quiser.

- Pode controlar?

- Meus óculos podem.

- Faça com que eu não sinta a dor.

- Como desejar.

Ottus retirou os óculos permitindo que Roxane se perdesse neles, então segurou sua mão.

- Roxane. – Ottus.

- Sim mestre. – Roxane.

- Você é incapaz de sentir dor enquanto esta concha sai de seu braço.

- Sim mestre.

Roxane deitou-se e logo adormeceu. Ottus a cobriu com um lençol grosso e certificou-se de que ela dormia e retornou ao seu quarto ao amanhecer, encontrando Carlos no corredor, mas não foi notado por ele, que foi para o quarto que dividia com o irmão.


[N.A.13]

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