quinta-feira, 31 de dezembro de 2009
40
Sabendo que não podia deixá-la sozinha, Tiago assobiou. O furgão trazia os residentes da escola municipal quando Bernardo parou a porta do veículo.
- Sai da frente Bernardo! – Catarina.
- Escutou isso? – Bernardo.
- O que ouviu? – Roxane.
- Ele está sempre ouvindo coisas. – Catarina.
- Não posso resistir, estão assoviando. Como quando chamam os cães! – Bernardo.
- Também estou ouvindo, mas são gritos de socorro. – Ottus.
- De onde vêm? – Elisa.
- De trás do casarão. – Bernardo.
- Vocês fiquem aqui. Valério.
- O que foi Elisa? – Valério.
- Vem comigo.
Os dois caminharam para a lateral da casa e Elisa começou a flutuar após alguns passos. Metros além da parte da casa viram Tiago e Valério correu.
- O que aconteceu? – Elisa.
- Ela é alérgica a mordidas de lagarta. – Tiago.
- O coração dela está rápido demais. – Valério.
- Vou levá-la. – Elisa.
Elisa flutuou levando Aline pelos pulsos para a báscula do terceiro andar Tiago retornou com Valério para o casarão e os alunos os aguardavam nas escadas da frente.
- O que aconteceu? – Catarina.
- Nada. Vamos entrar. – Valério.
- Está bem? – Ottus.
- Sim, é apenas uma pérola. – Roxane.
- Ei, por que vai a escola sem estar matriculada? – Tales.
- Costumo acordar cedo e Bernardo goste que eu o acompanhe.
- Eu sei Valério. – Tiago.
- Sabe de quê? – Valério.
- Que Carlos quer saber se eu sei me defender. Diga a ele que se eu souber que perigo eu corro será mais fácil de me defender.
Tiago subiu para o quarto e depois foi para o corredor do terceiro andar.
- Oi Tiago. Pode entrar para ver Carlos. – Bin-Bin.
- Não vim vê-lo Bin-Bin. Quero notícias de Aline. Ela está bem? – Tiago.
- Demos a ela um agente químico contra o veneno do animal que a mordeu. Ainda está inconsciente, mas ficará bem.
- Obrigado.
- Qual o problema?
- Com uma mordida ela poderia ter morrido?
- Aline está bem Tiago, foi socorrida em tempo.
- Se ela pode morrer por que pegou uma lagarta? Ela não hesitou, não teve medo.
- Eu não sei por que ela fez isso.
- De qualquer forma obrigado Bin-Bin, eu posso vê-la quando despertar?
- Claro! Eu o avisarei.
Tiago virou-se e viu quando Valério vinha pelo corredor.
terça-feira, 29 de dezembro de 2009
39
08h00min SEGUNDA 19 de Agosto.
Tiago olhou as cores vibrantes da lagarta, depois Aline disse a ele que olhasse o sol. A uma careta dele ela repetiu.
- O sol, por alguns segundos. Depois olhe a lagarta de novo. – Aline.
Ao voltar a olhar a lagarta Tiago viu que as cores no animal se desprendiam como vapor e a rodeavam.
- O que é isso? – Tiago.
- É o que vejo quando os outros não podem. A aura das pessoas como você, eu o vejo. – Aline.
- Então o meu irmão vê a minha aura.
- Não creio que ele seja capaz disso. Ele não pode vê-lo, apenas senti-lo. Como eu disse, ele é o teu irmão. Por que seguia Valério?
- Ele está com a minha caneta e eu a quero de volta.
- Já pediu: por favor?
- Geralmente o meu irmão pede que ele me vigie, como Carlos está de cama Valério está sempre ao meu redor.
- Valério não está te vigiando.
- Você não o conhece, e nem ao meu irmão.
- Seu irmão pediu a Valério que lhe ensinasse a lutar.
- Como você sabe?
Aline colocou a lagarta no galho de onde a havia tirado.
- Eu vou falar com Carlos. – Tiago.
Ele deu dois passos se afastando em direção ao casarão quando escutou um gemido alto atrás de si e voltou.
- Qual o problema? – Tiago.
- Uma lagarta me mordeu na perna. – Aline.
- Eu te ajudo a chegar ao casarão. Um pouco de gelo vai aliviar a dor.
Aline perdeu as forças das pernas e sentou-se zonza.
- Você está bem? – Tiago.
- Sou alérgica. – Aline.
- Falava sério? Eu vou procurar ajuda.
Aline se deitou fechando os olhos e Tiago percebeu que o coração dela acelerava.
- Aline, fale comigo! Aline! – Tiago.